A logística ganhou status de prioridade a ponto de os profissionais da área atuarem no primeiro escalão das empresas. As estratégias e mudanças nesse novo segmento agora são discutidas diretamente com a presidência destas empresas.
Devido à adoção de novas metodologias, nas montadoras, a menos de um ano, a logística representava 30% do custo final do veículo, passando hoje para 20%, segundo dados publicados pela Gazeta Mercantil de 20 e 21 de maio de 2000.”Os custos não são maiores que a carga tributária”, afirma Antonio Maciel Neto, presidente da Ford Brasil. Essa redução de despesas é significativa para uma empresa que quer manter sua fatia de 9,4% de mercado
A importância da logística está cada vez mais crescente dentro da empresa. “Conseguimos diminuir em 55% o valor do inventário”, diz o executivo. Essa redução nos estoques significou economia de US$ 160 milhões para a montadora.
A Ford terceirizou toda a operação, desde a estocagem até a entrega da peça nas concessionárias. Essa operação está a cargo da Cotia Penske, que administra um depósito da montadora em Barueri-SP.
As decisões levam sempre em conta a logística. Ou seja, o desenho de um novo parafuso de uma peça poderá ser modificado se for possível aproveitar um já existente. Isso permite manter um mesmo fornecedor e negociar uma escala maior de encomendas, portanto, a preços mais reduzidos. Outro exemplo é o Ford Ka, cujo pára-choque foi dividido em três partes porque o transporte de uma única peça era mais alto.
Este texto reflete de forma significativa o quão grande é a necessidade de planejar e pensar logística dentro de uma organização. é um exemplo claro de que o estudo individual de cada atividade, de cada prioridade, de cada projeto, deve ser estudado tendo em vista sempre a logística.
Neste contexto o MRP (planejamento das necessidades de materiais) surge como uma grande questão a ser entendida, desenvolvida, adaptada e implementada na empresa
O MRP (Planejamento das Necessidades de Materiais) é um sistema de inventário que consiste em tentar minimizar o investimento em inventário. Em suma, o conceito de MRP é obter o material certo, no ponto certo, no momento certo. Tudo isto através de um planejamento das prioridades e a Programação Mestra de Produção.
Este sistema tem funções de planejamento empresarial, previsão de vendas, planejamento dos recursos produtivos, planejamento da produção, planejamento das necessidades de produção, controle e acompanhamento da fabricação, compras e contabilização dos custos, e criação e manutenção da infra-estrutura de informação industrial.
A criação e manutenção da infra-estrutura de informação industrial passa pelo cadastro de materiais, estrutura de informação industrial, estrutura do produto (lista de materiais), saldo de estoques, ordens em aberto, rotinas de processo, capacidade do centro de trabalho, entre outras.
A grande vantagem da implantação de um sistema de planejamento das necessidades de materiais é a de permitir ver, “rapidamente”, o impacto de qualquer replanejamento. Assim pode-se tomar medidas corretivas, sobre o estoque planejado em excesso, para cancelar ou reprogramar pedidos e manter os estoques em níveis razoáveis.
As empresas em geral, possuem alta expectativa em relação a um sistema ERP. Antecipa-se que o sistema impulsionara o desempenho das atividades do sistema da noite para o dia. As companhias querem um pacote de software entrelaçado que cubra todos os aspectos do negócio, o que é uma percepção distorcida do ERP.
De modo geral, a implantação de um sistema MRP visa:
Previsão de vendas
Prever e antecipar a necessidade do cliente. Planejar e replanejar com vistas à previsibilidade constituem-se em uma das funções do MRP. Através desta função do sistema MRP pode-se programar compras e produção.
Plano mestre
Para este planejamento ou replanejamento, o desenvolvimento de um plano mestre se faz necessário para planejar o quanto será produzido esta semana, na semana seguinte, na outra, etc. No entanto não é porque planejamos vender 100 unidades que iremos produzir 100. Nem sempre o planejado corresponde a necessidade das vendas. Se há sazonalidade, por exemplo, por ser produzido mais por um certo período, para atender as necessidades do pico de vendas.
A alta administração também deve perceber que o fluxo de caixa está implícito no plano mestre, e chamá-lo de plano global.
Liberação de ordens
Esta atividade envolve compra, produção e a definição, alteração ou revisão, ou seja, quando e quanto.
São decisões tomadas a todo o instante, independentemente do número de itens envolvidos, se 1.000, 2.000 ou 50.000 itens.
A liberação das ordens está ligada ao plano mestre, sendo ele o responsável pelas decisões tomadas para o produto final.
Follow-up ou planejamento de prioridade.
Existem normalmente 2 tipos de seguimentos, ambos consideram as ordens já liberadas para compra ou produção. Eles são seguimentos de compras, com as ordens de compra, e de controle de produção com as ordens de produção.
Planejamento da capacidade
Podemos chamar de Planejamentos da Capacidade a função do MRP que consiste em constatar se existem altos e baixos ou ainda sobrecarga de capacidade, podendo se tomar as ações necessárias. Exemplo: Vendas quer um pedido novo. é possível verificar se ele pode ser atendido sem afetar os já existentes
Manutenção dos registros
Além do controle do estoque é importante a atualidade da lista de material. Através da contagem cíclica ou inventário rotativo podemos conseguir a proximidade à realidade do estoque.
Para evitar falta ou excesso dos materiais envolvidos, a explosão líquida total por produto finalizado, pode ser demonstrada da seguinte forma:
Independente
Quando não está relacionada com nenhum outro item. Neste caso deve ser prevista e projetada através de técnicas específicas de previsões (vide figura abaixo).
Dependente
Quando está relacionada ou depende de outro item. Esta demanda deve ser calculada. (vide figura abaixo)
Na figura abaixo vemos a estrutura do produto explodida. Esta estrutura do produto é baseado na emissão de ordens em uma demanda calculada a partir do programa de montagens. Para que isto aconteça é necessário uma “Lista de Material”, ou “Lista de Peças Estruturada”.
Para o efetivo cálculo das necessidades de materiais deve-se considerar a estrutura do produto com os níveis de fabricação, a quantidade do lote de compra, o tempo de reposição para cada componente (comprado ou fabricado internamente), as necessidades das peças baseados no programa-mestre, o uso de cada peça, atentando-se para a sua utilização também em outros produtos, e o uso de cada peça, levando-se em conta que ela pode ser usada no mesmo produto em diversos níveis.
Para determinação da quantidade a ser comprada, podemos escolher diversos métodos de acordo com as necessidades reais, tais como: Quantidade fixa, lote econômico, lote a lote, ou reposição periódica.
As empresas começam a movimentar e desprender grandes energias para solucionar seus problemas de logística. Nestas empresas diversos profissionais adquirem status de prioridade. Ou seja, está se transformando em funções de planejamento empresarial.
A falta de profissionais especializados em logística, para aplicação deste sistema, leva as empresas a investir nesta formação. São empresas que montam centros de pesquisas e contratam professores da melhores universidades federais para fazer esta formação.
E, este sistema, por apresentar funções de planejamento empresarial, por trabalhar com a previsão de vendas, com o planejamento dos recursos produtivos, por influenciar todo o planejamento da produção e das necessidades de produção, e ainda, controlar e acompanhar a fabricação, desde compras, passando pela respectiva contabilização dos custos, e a criação e manutenção da infra-estrutura de informação industrial, é sinônimo de modernidade. é cartilha que deve ser aprendida, sob pena de perder o bonde da história. Bonde que todos nós, filhos da globalização, não podemos dispensar para chegarmos a um porto seguro.
Administração de materiais – Marco Aurélio p.Dias
MRP – Planejamento das Necessidades de Materiais – Just in time - Um enfoque estratégico - Henrique L.
Correa -Atlas
A Gazeta Mercantil 19, 20,21 de maio de 2000-05-30